Dados do município/localização
Fundação: 29/07/1846
Emancipação Política: 29 DE JULHO
Gentílico: CANINDEENSE
Unidade Federatíva: CE
Mesoregião: NORTE CEARENCE
Microregião: MICRORREGIÃO DE CANINDÉ
Origem

Durante muitos anos vem sendo ensinado nas escolas municipais que o Alferes Antônio Domingues Álvares e a sua esposa, Agostinha Sanches de Carvalho foram os primeiros habitantes das terras que constituíram a primitiva área do território boa-viagense.

Ao fazermos esta simples observação não temos qualquer propósito de contestar que realmente foram eles os fundadores dessa cidade, todavia precisamos compreender o contexto histórico em que viveram e qual o interesse na perpetuação desse mito que está sacralizado na cabeça de muitas pessoas.

Antes de nos aprofundarmos neste assunto julgamos oportuno lembrar que a cidade de Boa Viagem, que está localizada no Sertão Central do Estado do Ceará, se originou de uma fazenda e que, antes deles, outras pessoas já estavam estabelecidas por aqui tentando explorar as riquezas que essas terras poderiam produzir.

Para entendermos a origem histórica desse Município precisamos compreender a forma como se deu a sua colonização, daí então chegaremos a conclusão, observados os elementos, de que a decisão do deslocamento desse casal em fuga para essa região não foi obra do acaso e sim algo cuidadosamente premeditado.

Um pouco tempo antes, no início da colonização das terras brasileiras, o governo português fez de tudo para não onerar o tesouro real com novas dívidas, a corte desejava fazer riqueza para o seu país com a sua nova colônia sem ter a obrigação de investir nenhuma de suas patacas, estudava a possibilidade de ter grandes lucros com um baixo investimento:

Povoar a sua nova conquista era fundamental para Portugal manter os seus domínios americanos e resistir às incursões estrangeiras. Mas, para povoar, era preciso apresentar uma alternativa de enriquecimento e de poder que não onerasse a Coroa.

Nesse tempo o Brasil foi fatiado e criteriosamente dividido entre aqueles que tinham prestígio e recursos disponíveis para explorar ao máximo às terras recém ?descobertas?, visto que, nessa época, o comércio com o Oriente parecia ser bem mais lucrativo e a coroa portuguesa temia perder a sua nova conquista para as outras nações europeias.

A Capitania do Ceará foi criada em 1535 e era a menor entre as demais, possuía apenas 600 quilômetros de extensão ao longo do litoral e tinha como marco de limite o Rio da Cruz, em Camocim, ao Rio Jaguaribe, que se estende praticamente por toda a lateral da chapada do Apodi.

O primeiro donatário da Capitania do Ceará foi Antônio Cardoso de Barros, um fidalgo português que pouco se empenhou em promover o seu povoamento, tendo em vista que nessa época tinha outras ocupações comerciais e não se preocupou em investir em algo que, em longo prazo, não lhe daria o retorno financeiro desejado.

Esse fato fez com que, durante muitos anos, o litoral cearense ficasse a mercê dos corsários franceses, que rotineiramente negociavam com os selvagens no intuito de ganhar-lhes a confiança e ter-lhes como aliados em uma possível incursão militar.

A Capitania ficou em completo abandono até o ano de 1603, quando Pero Coelho de Sousa conseguiu autorização real para reconquistar e desenvolver o território cearense recebendo, por conta disso, o título de capitão-mor.

O primeiro objetivo desse novo explorador era impedir o comércio indígena com os invasores franceses e, logo em seguida, após ganhar-lhes a confiança, construir um núcleo de povoamento às margens do Rio Ceará usufruindo do potencial hídrico do Rio Jaguaribe a fim de partir para a colonização de seus afluentes.

Dentro de pouco tempo parte desse plano conseguiu obter êxito e uma pequena vila foi erguida com o nome de Fortim de São Tiago da Nova Lisboa, mas infelizmente, em 1605, uma terrível seca se abateu sobre essa Capitania e fez com que os seus habitantes, desesperados, se refugiassem no Forte dos Reis Magos, que está localizado no litoral do Rio Grande do Norte.

Frustrada essa tentativa uma nova investida foi feita por volta de 1607, dessa vez comandada pelos jesuítas Pe. Francisco Pinto e Pe. Luiz Figueira, que no dia 11 de janeiro celebraram o primeiro ofício cristão em nossas terras.

Nessa tentativa, dessa vez pela serra da Ibiapaba, os silvícolas da tribo Tocarijus trucidaram o Pe. Pinto esmagando-lhe à cabeça e por muito pouco o Pe. Luiz Figueira e os outros colonos conseguiram escapar do mesmo destino:

Os índios nunca se conformaram com a tomada de suas terras, caças, pescas, frutos e raízes. Hostilizaram sempre. Os colonos viviam a morrer de fome por terras. E quando estas passaram do domínio público a propriedade privada, foi um Deus-nos-acuda a busca desenfreada por sesmarias.

Por fim a colonização do Ceará só obteve êxito a partir de 1611, quando Martim Soares Moreno, um dos colonos da frustrada tentativa feita por Pero Coelho de Sousa, anos antes, conseguiu conquistar a simpatia do Cacique Jacaúna e fazer dele um importante aliado contra os holandeses.

Graças a esse aliado os portugueses conseguiram expulsar os invasores e conquistaram uma importante defesa para o nosso litoral, o Forte de Schoonenborch, uma importante posição de defesa que havia sido construído com os destroços de um forte abandonado, denominado de São Sebastião.

Depois desses episódios percebeu-se que as terras cearenses não eram próprias para o cultivo da cana-de-açúcar, mas possuíam forte potencial para a extração das drogas do Sertão e para a criação de gado às margens dos grandes rios:

Nenhum povo tinha tanta facilidade para se adaptar em regiões tropicais do que o português. O clima mais árido ou mais frio não o amolecia. A terra mais adusta não enlanguescia e se por ali não existiam louras angélicas com quem se deitar, as negras e as mulatas serviam. A cultura de seu povo mandava que ele se adaptasse naturalmente às condições sociais do lugar, onde quer que se encontrasse. Não tivesse preconceito de raça! A miscigenação imediata com as mulheres de cor, vigorosas mestiças, dóceis indiazinhas e rebolentas negrinhas, era uma questão de força e necessidade. Até dizia com os interesses políticos e econômicos de seu Estado.

Considerasse seu igual todo aquele que não fosse herege, que não descresse de Deus e não dirigisse em orações aos santos. Facilmente poderia ele conhecer um marrano ou um doente religioso: o padre estava sempre ao seu lado para saber da ortodoxia católica de alguma pessoa.

Até o século XVII a criação de gado bovino no Brasil desenvolveu-se nas regiões canavieiras, próximas do litoral, para atender às necessidades dos engenhos. Além de fornecer a carne e o couro o gado era utilizado como meio de transporte e força de tração para moer a cana-de-açúcar.
Aos poucos esses canaviais foram ocupando maiores extensões de terras, obrigando aos criadores de gado a penetrar o Sertão com os seus rebanhos e criando novos laços de relacionamento social.
Avançando pelo Sertão, os criadores atingiram o Rio São Francisco e não tardou muito até chegarem ao Rio Jaguaribe e aos seus afluentes, onde constituíram fazendas e pequenos núcleos de povoamento em terras que posteriormente lhes eram cedidas em cartas de sesmarias:

Metade da história do Ceará é contada através dele. Não se pode falar do Ceará sem se tocar no Rio Jaguaribe. Ele é longo, desce com toda a beleza na época invernosa para o mar devorador e insaciável. Durante o verão fica estorricado, transformando-se em um imenso lençol de areia. O homem que eternamente luta com ele na disputa dos terrenos de aluvião, e por causa da cheias perde a sua lavoura, pode então plantar uma vazante.

As concessões dessas sesmarias eram requeridas pelos que se diziam dispostos a obterem terras para a criação bovina, ou mesmo para aumentar a quantidade de pasto das propriedades rurais já estabelecidas.
Alegavam os requerentes que o desenvolvimento econômico da região e a consequente renda de sua majestade só se tornaria expressiva com o aumento do rebanho.
As doações, ou datas, como geralmente eram conhecidas, correspondiam normalmente a duas léguas de comprimento por meia légua de largura, sendo que uma das condições para que as terras fossem datadas era a exigência da existência de água potável.
O sesmeiro, ao receber essa concessão, possuía a carência de dois anos para por em prática várias obrigações, entre esses deveres podemos listar o compromisso de pagar os dízimos a Deus, dos frutos que nela houvesse, catequizar os índios e se dispor à guerra quando solicitado pelo rei.

As distribuições dessas sesmarias iniciaram um intenso movimento de colonização em nossas terras e entre esses colonos, por volta de 1702, estava o casal Gil de Miranda Carneiro e Bárbara Maria de Barros, que mais tarde, em 1710, receberam a sesmaria de posse de onde hoje está a cidade de Boa Viagem:

?Em vista das palavras de outro requerimento de Gil de Miranda e Antônio Mendes Lobato, em que pedem a 25 de fevereiro de 1702, umas terras no Rio Salgado, assim concebido, que eles descobriram com outros companheiros umas terras no Distrito do Icó.

De rio em rio o gado, mansamente, sem existir cercas que lhe impedissem a livre escolha do pasto, veio trazendo o homem branco para o Sertão do Ceará e dentro de pouco tempo, em 1710, às terras de Boa Viagem foram finalmente requisitadas em concessão:

Concedida no Brasil uma sesmaria, o concessionário ou o sesmeiro era obrigado a demarcá-la judicialmente dentro de dois anos, e pedir depois a confirmação régia, sob pena de perder a mercê; o que se estabeleceu por lei de 1703 e 1753; mas essa disposição era geralmente desprezada. Obtida a sesmaria poucos sesmeiros a demarcavam e buscavam confirmação pelo dispêndio e dificuldade que encontravam: mas, não obstante, metiam-se de posse das terras e o futuro trazia grandes contendas e dissensões pela falta de medição e pela coincidência de outras concessões. Os pleitos eram renhidos e nos sertões eram origem de assassinatos e desordens.

No texto lavrado da sesmaria concedida a Antônio Domingues Álvares, datado em 26 de junho de 1743, nos deixam pistas claras a respeito dos primeiros moradores de nossa região e da história da conquista e exploração dessas terras.
Através desse valioso documento deduzimos que Gil de Miranda Carneiro e a sua esposa, Bárbara Maria de Barros, nunca residiram nas terras que hoje formam o nosso Município.
Acreditamos que a sua propriedade, nas proximidades da vila do Icó, era bem mais lucrativa e promissora do que essas terras localizadas no Sertão de Canindé, que eram bem distantes dos principais centros urbanos da época e bem mais suscetíveis a grandes períodos de estiagens.
Diante disso, impossibilitado de explorar essa nova conquista, quem sabe por conta da idade ou da longa distância, essas terras foram doadas, talvez como presente de casamento, um dote, a uma de suas filhas e, posteriormente, negociadas com Antônio Domingues Álvares.
A carta de solicitação de sesmaria de Antônio Domingues Álvares é bem clara quando nos diz que Phelipe Rodrigues e Barbosa de Barros, genro de Gil de Miranda Carneiro, durante alguns anos, morou com a sua esposa onde hoje está o Município de Boa Viagem, mas não nos revela os motivos que o fizeram vender essa propriedade, nem o seu valor, nem a quantidade de semoventes e tão pouco as benfeitorias realizadas durantes os anos de sua residência por aqui:

História

Em 1817 Canindé se tornou um distrito ainda com o antigo nome São Francisco das Chagas de Canindé. Em 1846 São Francisco das Chagas de Canindé tornou-se uma vila, sendo desmembrado uma parte de Fortaleza e outra deQuixeramobim.

Em 1911, o primeiro distrito: Caridade. Em 1914 São Francisco das Chagas de Canindé foi elevado à categoria de cidade com o nome Canindé, e no mesmo ano são criados 3 distritos: Caiçarinha, Jatobá e São Gonçalo, mas Caridade foi rebaixada para povoado.

Em 1918 é criado o distrito de Santana e em 1931 mais 2 distritos: Belém do Machado e Campos Belos. Em 1933 mais distritos: Campos, Caridade (foi elevada novamente a distrito) e General Sampaio.

Em 1935 o distrito Campos mudou o nome para Ipueiras dos Targinos. Em 1936 Belém do Machado muda o nome para Belém. Em 1938 o distrito Belém foi anexado ao município de Quixeramobim, e o distrito Santana mudou o nome para Saldanha, e Ipueiras dos Targinos reduziu o nome para Targinos. Em 1943 o distrito Campos Belos mudou o nome para Ubiraçu, e Saldanha mudou o nome para Paramoti.

Em 1950 é criado o distrito Inhuporanga. Em 1951 é criado o distrito de Bonito. Em 1953 é criado o distrito de Esperança. Em 1957 Paramoti se emancipa de Canindé. Em 1958 Caridade se emancipa de Canindé e anexa o distrito Inhuporanga. Em 1964 são criados os distritos de Ipueiras dos Gomes e Monte Alegre. Em 1992 são criados os distritos de Capitão Pedro Sampaio e Iguaçu. Em 2005 Salitre se torna distrito de Canindé figurando no lugar de Ubiraçu.

HISTÓRIA
A região das nascentes as margens do rio Curu e seus afluentes, bem como os afluentes do rio Choró, era habitada por índios de origem Tapuia: Jenipapos-canindés, Kanyndés.[8] A partir do século XVII, os portugueses começaram a ocupar estas terras, via o sistema de sesmarias, para a criação de gado e a lavoura no ciclo econômico de carne de sol e charque.

Em 1775, o sargento-mor português Francisco Xavier de Medeiros, estabeleceu-se às margens do rio Canindé e, logo depois, iniciou a construção de uma capela em honra a São Francisco das Chagas, que é o marco histórico e religioso de Canindé. A construção do templo atual foi encarregada ao arquiteto italiano Antonio Mazzini.

Destacam-se também, os magníficos afrescos do pintor, também italiano, George Kau.

Esta capela ficou pronta em 1796, depois de disputas jurídicas e paralisações devido a Seca dos três setes (1777) e também a seca de 1793. A primeira imagem de São Francisco, que veio de Portugal, é mais conhecida como São Francisquinho.

Em 1818, o povoado de Canindé havia sido elevado à categoria de vila, quando também foi demarcado seu território às margens do rio que nomeou o lugar. Sua Fundação foi no dia 29 de julho de 1846.

Cultura

O principal evento cultural é a festa do padroeiro: São Francisco das Chagas, popularmente conhecida como a Romaria de Canindé. Uma das festas religiosas mais antigas do estado do Ceará[14].

Um grande evento religioso na qual Canindé recebe todos os anos cerca de 2,5 milhões de romeiros franciscanos de todo o país, sendo a cidade com a maior romaria franciscana da América Latina.

Ainda hoje é conduzida solenemente a grande imagem de São Francisco, conhecida como São Francisquinho, na tradicional procissão do dia 4 de outubro, durante a Festa de São Francisco das Chagas.

A cidade possui também a maior estátua de São Francisco de Assis do mundo, que mede 30,25 m de altura.

É conhecida por sua tradição na lida do homem com o gado, especialmente dos vaqueiros. Tendo 4 de seus filhos reconhecidos como mestres da cultura tradicional popular do Ceará: Mestra Dina (vaqueira-aboiadora), Mestra Odete Uchôa (ervas medicinais), Mestre Getúlio Colares (sineiro) e Mestre Bibi (escultor).

Divisão Política

A administração municipal localiza-se na sede, Canindé.[12] O poder executivo municipal é comandado pela Prefeita Rozario Ximenes, eleita em 2016. O poder legislativo do município, foi instalada inicialmente em 21 de junho de 1847, contendo 15 vereadores.

Dados de características geográficas
Área: 3.218,48
População estimada: 78049
Densidade: 23,14
Altitude: 148
Clima: SEMI-ÁRIDO
Fuso Horário: UTC-3
Distância para a capital: 110,00

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